Breviário de uma Madalena Arrependida
Se arrependimento matasse, este blog não existia!
sábado, 13 de março de 2021
Almirante
Chegaste e não bateste à porta.
Já estavas cá dentro.
Tinha uma impressão vaga, mas bonita de ti.
E não deixaste que o tempo a estragasse.
Fui vendo desenhar-se, num espanto comovido, o que há quase vinte anos não vira totalmente.
Vinhas com ar de mar, de gaivotas e de temporal, qual peixe de água fria.
Mas trazias na mão todo o carinho de uma vida, envolto numa sapiência tão doce e firme.
O pior, de tão incrível, era o teu olhar, que me dilacerava e deixava ver fundo, tão fundo como os teus olhos que, ao verem-me, marejaram.
E entraste pela porta da frente, em plena pandemia, qual vírus do amor, para me fazer navegar no desconhecido apetecível, no confinamento da alma, no delírio febril e doce da paixão.
Ai se eles soubessem, fugiam da vacina!
segunda-feira, 3 de março de 2014
(Des)crente nos rabiscos do amor
Porque não acreditas quando repito à exaustão
Que te conheço como a palma destas que te escrevem
Que te sei de cor, mesmo de olhos fechados
E sem nunca os ter pousado em ti?
Porque duvidas que a minha imaginação
preenche sem duvidar os espaços em branco que a realidade
teima em ocultar-me
e que o amor é um artista de excepção a fazer auto-retratos?
Sim, porque quando te desenha esboça-me a mim também,
que já sou tu
e não consigo ser eu no espaço em branco sem nós.
O meu coração sabe quem tu és e não precisa de retratos-robô
para identificar o sicário que o feriu de morte...
I know you by heart
Je te connais par coeur
Forçosamente.
Que te conheço como a palma destas que te escrevem
Que te sei de cor, mesmo de olhos fechados
E sem nunca os ter pousado em ti?
Porque duvidas que a minha imaginação
preenche sem duvidar os espaços em branco que a realidade
teima em ocultar-me
e que o amor é um artista de excepção a fazer auto-retratos?
Sim, porque quando te desenha esboça-me a mim também,
que já sou tu
e não consigo ser eu no espaço em branco sem nós.
O meu coração sabe quem tu és e não precisa de retratos-robô
para identificar o sicário que o feriu de morte...
I know you by heart
Je te connais par coeur
Forçosamente.
Etiquetas:
a bateria e a aritmética do amor,
I amoor you,
Infinito,
mais além...
Como Anaïs...
Sabes que te amo, meu amor
de manhã até à noite e nunca me deito cansada?
Sabes que te acaricio as mãos e as seguro como se pudesse prender-te no nosso leito
até depois da eternidade?
E te abraço por trás quando tentas levantar-te,
como se pudesse olhar-te de frente?
Sabes que te amo mais a cada minuto deste dia
e descubro sempre novas formas de te amar
de cada vez que me precipitas um pouco mais além de ti,
Meu amor...
Como os meus lábios beijam os teus olhos fechados
como se fechados pudessem ver
como te quero.
Sabes?
de manhã até à noite e nunca me deito cansada?
Sabes que te acaricio as mãos e as seguro como se pudesse prender-te no nosso leito
até depois da eternidade?
E te abraço por trás quando tentas levantar-te,
como se pudesse olhar-te de frente?
Sabes que te amo mais a cada minuto deste dia
e descubro sempre novas formas de te amar
de cada vez que me precipitas um pouco mais além de ti,
Meu amor...
Como os meus lábios beijam os teus olhos fechados
como se fechados pudessem ver
como te quero.
Sabes?
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Infinito,
mais além...
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Muito, meu Amor
Eu sou o que tu quiseres. Queres? Quando quiseres, não queres? Quando me encontraste, já não sabias o que procuravas? Só de longe o soubeste, e agora esqueceste? Não fomos feito para o amor, acrescentas agora? O que não quer dizer que não possamos amar-nos sempre outra vez, e pode ser mesmo a única coisa digna que nos resta? Não foi para isso que fomos feitos, então? Não fomos feitos para o que quer que seja, nascemos, crescemos, envelhecemos, morremos e é tudo, e é mais do que o suficiente? Interessa o quê, o que é que interessa, diz-me, quando o barco começa a naufragar? A atitude dos passageiros? Se começam a cantar ou a chorar, ou simplesmente continuam a fazer o que estavam a fazer? Saber que o barco vai naufragar e continuar? O que interessa é a atitude, insistes, mais não podemos? Não podemos fazer nada mas podemos mudar tudo, é isto que queres dizer? Começar por nós, terminar em nós? Mudar-me a mim e mudar o mundo, como é isso? Começar por mim e acabar em mim e mudar tudo à minha volta, como assim? Se já reparei? Que ao tornar-me melhor o mundo fica melhor? E ainda me pedes que não tenha medo e deixe de esperar o impossível? Que o barco pelo qual espero para me levar daqui para fora não vai chegar nunca? Que o barco por que espero é o barco em que vou? Quando partiu esse barco, gostava eu de saber? Há muito? Antes de mim? Mesmo sem mim? E vai naufragar, de qualquer modo vai naufragar? E que todos os que passaram aqui o souberam, e mesmo assim isso não impediu de fazer o que tinham a fazer? Que não sou só eu? Que uma corrente nos leva? Uma corrente de palavras? Uma corrente de amor? Passar o que por nós passa, que o que passa nem é meu, nem teu, nem nosso, nem as palavras, nem o amor? Passar isso o melhor que possa, e mais nada senão isso? Queres que me cale?
Pedro Paixão
in Muito, Meu Amor
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Enlevo
Sonhei que era tua.
Não largavas a minha mão
e onde eu fosse ias também.
Em sonhos tomei-te por meu
e percorri-te
sem precisar de um aceno sequer.
Abandonei-me na doce quimera
e na hora de acordar
aconteceu-me fingir que ainda sonhava.
Sou do mundo, a ninguém pertenço
e é igual a tua condição,
mas se o mundo me deixasse
vivia a sonhar contigo...
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
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