quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Corte de cabelo

"Corte!" - disse eu."Corte à vontade!"
E ela obedecia, indiferente às minhas dores, aos meus queixumes, à minha luta.
E, sempre com um sorriso, concentrava o olhar e a força na tesoura que, convicta, cortava.
"Corte, não tenha medo!" Ela entendia tão bem e cortava, cortava...
As costas deixavam de arquear, as mãos abriam-se, os músculos distendiam-se finalmente e eu enterrava-me mais fundo na cadeira.
"Corte! Mas deixe o sorriso comprido!"

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